A inserção do país na Comunidade Europeia criou novos desafios e oportunidades de inserção e de competição à capital. Um estudo realizado em finais da década de oitenta pela DATAR – Délégation à l’Aménagement du Territoire et à l’Attractivité Régionale sobre as cidades europeias, posicionou hierarquicamente Lisboa em quinto lugar, mas sublinhou o facto de a cidade necessitar de evoluir mais no sentido da qualificação funcional do que do demográfico.

Ao longo dos séculos, Lisboa valorizou-se patrimonialmente e assumiu-se como uma finisterra de charneiras entre diferentes culturas. Muitos dos seus valores patrimoniais estão classificados, havendo mesmo alguns que foram merecedores da integração da lista da Unesco de Património da Humanidade. Numa Europa que apela à valorização da identidade das suas regiões e das suas cidades, como um esteio de competitividade, a recuperação e a permanente valorização do património arquitectónico e urbanístico de Lisboa tornou-se assim num desafio e num requisito para uma maior projecção internacional.

O Estudo, elaborado em resposta a uma solicitação da Comissão das Comunidades Europeias – DGXVI, delineia uma estratégia de preservação e de valorização do património construído de Lisboa, em consonância com o desenvolvimento social e económico da cidade. Estruturado em diversas etapas (levantamento sistemático do património existente, classificado e a proteger; definição da estratégia com explicitação dos graus de intervenção, das verbas a investir e das áreas de intervenção principais), conduziu à realização de três planos de pormenor para as áreas prioritárias de intervenção de Chelas, Alcântara e Centro (os três vales de Lisboa e potencialmente as “Três Baixas” da cidade). Foram ainda definidas sete intervenções estratégicas, designadas como “Portas Aldeias de Lisboa” e feitas recomendações de reabilitação e restauro de sessenta e quatro edifícios com utilização desadequada.